Um cartaz avisava que as consultas da Santa Casa, marcadas para terça-feira haviam sido suspensas por causa da paralisação dos médicos. Evilânia dos Santos veio do interior para consultar o filho de apenas um ano e dois meses, mas teve que aguardar a nova data. ``Prejudicou porque ele tem que fazer a cirurgia urgente - porque ele tem problema no reto - e aí eu chego e `tá´ assim. Aí fica difícil´´, lamentou a dona de casa.
À tarde, os médicos se reuniram, em frente à Biblioteca Benedito Leite, trajando jalecos e com faixas pretas amarradas nos braços. Eles protestaram contra a vinda de profissionais estrangeiros para trabalharem no Brasil. ``A reforma deve ser muito mais ampla. Não é só trazer mais médicos que vai resolver o problema da população. Nós precisamos criar infraestrutura e é isso que está faltando´´, justificou Benedito Sabbak.
Além disso, os médicos reclamam das condições de trabalho, principalmente, no interior do estado. ``Faltam remédios, falta raios-X, laboratórios, ultrassom; falta, em resumo, qualquer condição de atendimento às pessoas carentes e que estão doentes. Então é por isso que os médicos se concentram nos grandes centros´´, argumentou o presidente do Conselho Regional de Medicina, Abdon Murad.
Outra deficiência, segundo dados do Conselho Federal de Medicina é a falta de médicos especializados no Maranhão. Pouco mais de 37% dos médicos que atuam no estado são especialistas. Isso ocorre em grande parte pela baixa oferta de residências médicas. ``O número de médicos no Estado é menor que em outras localidades. Além disso, a quantidade de vagas para residência também não acompanha o crescimento da população´´, afirma o médico André Luiz Neves.
Com a manifestação dessa terça, os médicos esperam conseguir a adesão da popular à causa. ``Está sendo proposta uma solução que não é solução. É um remendo que não vai resolver o problema, porque não se faz medicina só com o médico. É preciso condição mínima de trabalho para que o médico possa trabalhar´´, alertou o médico Ivan Figueiredo.


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